quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A polêmica do matrimônio

Em papos de bar ou em conversas com os amigos, o casamento me é sempre um assunto caro. Enxergo o matrimônio de uma perspectiva diferente da maioria das pessoas. Minhas amigas mulheres sempre sonham com ele, com a idealização própria dessas cerimônias: vestido branco na igreja e bolo de cinco andares. Os meus amigos homens, em sua maioria, tentam postergá-lo, para que não tenham que renunciar à sua liberdade e solteirice. Mas sabem que um dia terão de sossegar, e que o altar é o melhor caminho para isso. Minha experiência de vida me ensinou que os casamentos são difíceis. Por isso, acredito, devem partir de uma decisão muito pensada. O que não significa que eu seja contra a trocar alianças ou até jurar "fidelidade e companheirismo" na frente de um padre (coisa que muitos, depois, não conseguem cumprir). Na Folha de hoje, o psicanalista Contardo Calligaris na sua coluna da Ilustrada (o link, de novo, é só para os assinantes) expõe bem essa questão. Escreve ele: "uma das boas razões para se casar é a seguinte: uma vez casados, podemos culpar o casal por boa parte de nossas covardias e impotências". Segundo Contardo, "em geral, a gente casa com a pessoa 'certa': a que podemos culpar por nossos fracassos". Pode parecer um pouco pessimista ver o casamento com os olhos da culpa. Mas não discordo da visão dele. Muito antes pelo contrário. O enlace não deixa de ser uma atribuição de responsabilidades que não queremos tomar para nós mesmos: "O marido, por exemplo, pode responsabilizar mulher, filhos e casamento por ele ter desistido de ser o aventureiro que ainda dorme, inquieto, em seu peito. A decepção consigo mesmo é menos amarga quando é transformada em acusação: 'Você está me impedindo de alcançar o que eu não tenho a coragem de querer'", escreve. Com a mulher, não é diferente: ela tem que abdicar da própria vida em prol de fazer o casamento dar certo - cuidar da casa, dos filhos e do marido colocam sua vida pessoal em segundo plano. Geralmente é assim. No artigo, o psicanalista também não acredita que os relacionamentos acabem por conta disso, não. "Não pense que esse fogo cruzado de acusações seja causa recorrente de divórcio. Ao contrário, ele faz a força do casamento, pois, atrás da acusação ('É por sua causa que deixei de realizar meus sonhos'), ouve-se: 'Ainda bem que você está aqui, do meu lado, fornecendo-me assim uma desculpa -sem você, eu teria de encarar a verdade, e a verdade é que eu mesmo não paro de trair meus próprios sonhos'". O casamento, pois, não é para se dividir? Eu, aqui por trás do teclado, prefiro me ater à ideia de casar quando for para dividir então alegrias, não frustrações. Se não for pra ser assim, prefiro me manter à espreita do altar, convivendo sozinho com os sonhos que, por covardia minha (e só minha!), eu não quero encarar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Uma mulher para perder a cabeça

Excelente tema da coluna do Coutinho na Ilustrada (Folha) de hoje (o link é só para assinantes). Há tempos que a psicologia evolutiva vem tentando estudar - e desvendar - a ciência da atração entre os opostos.
Que nós, homens, ficamos bobos diante de uma beldade vestida em saias curtas, não era nenhuma novidade - mas agora a constatação vem dos laboratórios da Univeridade de Radboud, na Holanda. Segundo os cientistas holandeses, os machos perdem a capacidade cognitiva diante de uma "oportunidade de reprodução", como escreveu Coutinho - ou, para não nos acusarem de machistas, de uma "linda mulher". "O homem usa e abusa de todos os seus "recursos cognitivos" para impressionar a presa. Por sua vez, esse excesso de energia canalizado para uma só função provoca um deficit cerebral para as restantes e posteriores funções. É como se os homens esvaziassem uma parte da cabeça para que a outra parte possa funcionar a todo o vapor", escreve Coutinho, para em seguida concluir: "Os prejuízos mentais são inevitáveis". Machos do mundo todo diante de um belo par de pernas hão de concordar!