A cidade em que moramos diz muito sobre quem somos. E não falo só com relação à nossa personalidade e nossos gostos, não. Afinal, se você mora numa grande metrópole como São Paulo, por exemplo, as chances de sofrer de estresse, viver sob pressão e andar mal humorado são quase que sintomas dessa sua escolha. (Isso, claro, pra quem não gosta - ou não se adapta - ao trânsito caótico, ao ritmo frenético e aos problemas que a capital paulista oferece de "brinde" para quem a habita). Já quem curte a paisagem totalmente urbana, sair de madrugada e encontrar lugares bacanas abertos a cada esquina e ter uma vida cultural (ou noturna) bem agitada, morar aqui é um deleite.
Isso tudo para dizer que a cidade não é só um reflexo de quem somos, mas também do tipo de rotina que a gente leva, da qualidade de vida que temos. A escolha de onde vamos viver é o que determina uma porrada de coisas na nossa vida, que vão desde o nosso emprego aos amigos com quem vamos conviver, passando até por encontrar a pessoa com quem queremos dividir o mesmo endereço. O meio determina muito do nosso comportamento, como prega a velha psicologia. Por isso, escolher a sua cidade é, sim, uma decisão pra lá de importante. Ou a decisão mais importante que você tem que tomar, segundo o professor de Administração e Criatividade da Universidade de Toronto, Richard Florida. Ele passou anos pesquisando sobre as melhores cidades para se viver no mundo e reuniu o resultado no livro Who's Your City, lançado no final do ano passado no Canadá e nos EUA. Eu conversei com ele para uma entrevista que está na Vida Simples desse mês, na qual ele explica por que o lugar em que vivemos é tão crucial para a nossa maneira de viver. De quebra, Florida nos ajuda a escolher a nossa cidade ideal. Quer saber como encontrar a sua? É só clicar com o cursor aqui.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Penso, logo hesito
Sempre sofri do 'mal de pensar demais'. A ansiedade excessiva que já tirou muitas das minhas noites de sono e que me acompanha desde pequeno é, certamente, resultado dele. Quero sempre medir os prós e os contras (e tendo a encontrar inúmeros contas), analisar todos os lados, tentar adivinhar o que o outro vai pensar, como vai agir. Minha cabeça, tal como um daqueles computadores supertecnológicos que são capazes de derrotar o Kasparov, analisa todas as jogadas, todos os riscos... e, no medo de perder, me impede de agir. Penso, e logo desisto.
Mas tenho aprendido a domar o meu lado esquerdo do cérebro e perceber que às vezes, pensar 'de menos' pode mostrar melhores caminhos do que aquele que é analisado, ponderado, estudado. Esse, aliás, é o tema da matéria de capa da Vida Simples desse mês. Falamos de intuição, no sentido mais literal do termo, que nada tem a ver com aquelas questões sobrenaturais, esotéricas. Porque, afinal, todo mundo é capaz de intuir. Tanto você quanto eu. Basta diminuir o volume do raciocínio lógico e estar aberto a ouvir os palpites que a nossa própria mente sussurra ao nosso olvido. Claro que não é um exercício fácil - principalmente na nossa sociedade, que aprendeu a olhar tudo pelos olhos da razão, da lógica -, mas possível. Sobretudo se quisermos aproveitar mais plenamente as chances que nos cruzam o caminho e que nem sempre nos dão o tempo para ponderar. Eu já aprendi: tem horas que eu não penso, e logo invisto. Para mim, pelo menos, tem sido bastante libertador. Algo me diz que pode ser pra você também.
Mas tenho aprendido a domar o meu lado esquerdo do cérebro e perceber que às vezes, pensar 'de menos' pode mostrar melhores caminhos do que aquele que é analisado, ponderado, estudado. Esse, aliás, é o tema da matéria de capa da Vida Simples desse mês. Falamos de intuição, no sentido mais literal do termo, que nada tem a ver com aquelas questões sobrenaturais, esotéricas. Porque, afinal, todo mundo é capaz de intuir. Tanto você quanto eu. Basta diminuir o volume do raciocínio lógico e estar aberto a ouvir os palpites que a nossa própria mente sussurra ao nosso olvido. Claro que não é um exercício fácil - principalmente na nossa sociedade, que aprendeu a olhar tudo pelos olhos da razão, da lógica -, mas possível. Sobretudo se quisermos aproveitar mais plenamente as chances que nos cruzam o caminho e que nem sempre nos dão o tempo para ponderar. Eu já aprendi: tem horas que eu não penso, e logo invisto. Para mim, pelo menos, tem sido bastante libertador. Algo me diz que pode ser pra você também.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Só um novo amor para curar outro
Deu na Folha de hoje (o texto, aqui, só para assinantes): o cérebro precisa armar uma verdadeira batalha para superar o fim de um relacionamento. Diz a reportagem (assinada pela repórter Débora Mismetti) que, mesmo quando o fim já está relativamente superado e que mesmo que tenhamos lembranças negativas da pessoa e dos momentos que vivemos ao lado dela, fica ali, no cérebro, uma impressão, uma marca que é ativada quando pensamos ou vemos a ex - como um gatilho que é ativado tão logo a mira se depara com seu alvo. E essa marca, tal como uma cicatriz que demora a sair (quando sai!), dispara aquelas reações todas já comuns ao corpo: coração a mil, frio na barriga, adrenalina... (as mesmas, aliás, que nos tomam no começo da relação).
Tudo isso porque "o amor pode ter azedado, mas o cérebro continua a mandar estímulos [que causam reações físicas] ainda que ele tenha as recordações ruins do relacionamento", conforme explica o neurologista Antoine Bechara, da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. Por isso é tão difícil superar o término de uma relação: essas impressões residuais e as reações físicas que elas causam monopolizam os nossos pensamentos, tirando o foco das más lembranças, por mais que a gente se esforce em buscar todos os registros que temos na mente de como aquela pessoa era egoísta, mesquinha, egocêntrica e os outros milhões de defeitos que podemos enumerar para nos fazer esquecer.
Mas o amor é como vício. E os sentimentos que ele provoca no cérebro (mais exatamente no nosso sistema de recompensa) são muito parecidos com o das drogas. E basta ver a ex ali, toda feliz no restaurante, para termos uma recaída (se estiver com outro cara, então...).
O remédio, garante o neurologista, é tentar reforçar as emoções negativas com relação à pessoa, até que elas superem esses registros que teimam em ficar gravados na nossa mente. Isso leva um tempo considerável, é verdade... Para os que não aguentam mais sofrer de dor de cotovelo, a saída mais fácil e rápida é também é a mais interessante: arrumar um outro amor. Assim, o cérebro precisa agir e focar seus esforços para guardar os registros da nova pessoa (e assim, deixar aqueles antigos de lado)... Registros que, por sua vez, só serão superados quando aparecerem outros registros para arquivar. E assim a gente vai vivendo, fazendo a fila andar.
Pelo menos para o cérebro, só um amor é capaz de substituir outro.
Tudo isso porque "o amor pode ter azedado, mas o cérebro continua a mandar estímulos [que causam reações físicas] ainda que ele tenha as recordações ruins do relacionamento", conforme explica o neurologista Antoine Bechara, da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. Por isso é tão difícil superar o término de uma relação: essas impressões residuais e as reações físicas que elas causam monopolizam os nossos pensamentos, tirando o foco das más lembranças, por mais que a gente se esforce em buscar todos os registros que temos na mente de como aquela pessoa era egoísta, mesquinha, egocêntrica e os outros milhões de defeitos que podemos enumerar para nos fazer esquecer.
Mas o amor é como vício. E os sentimentos que ele provoca no cérebro (mais exatamente no nosso sistema de recompensa) são muito parecidos com o das drogas. E basta ver a ex ali, toda feliz no restaurante, para termos uma recaída (se estiver com outro cara, então...).
O remédio, garante o neurologista, é tentar reforçar as emoções negativas com relação à pessoa, até que elas superem esses registros que teimam em ficar gravados na nossa mente. Isso leva um tempo considerável, é verdade... Para os que não aguentam mais sofrer de dor de cotovelo, a saída mais fácil e rápida é também é a mais interessante: arrumar um outro amor. Assim, o cérebro precisa agir e focar seus esforços para guardar os registros da nova pessoa (e assim, deixar aqueles antigos de lado)... Registros que, por sua vez, só serão superados quando aparecerem outros registros para arquivar. E assim a gente vai vivendo, fazendo a fila andar.
Pelo menos para o cérebro, só um amor é capaz de substituir outro.
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